domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje sou árvore


Já estou aqui há bem mais do que uma hora. Entre uma conversa séria ao telemóvel, uma troca triste de sms e pensamentos vagos q.b.... sinto muita necessidade enorme de me encontrar. Vejo-me nestas árvores já meio despidas pela época.
Nos últimos tempos nem tudo (ou quase nada) corre como desejaria, as coisas não batem certo e eu não tenho forças para, sequer, arregaçar as mangas. Lá em casa vivemos todos os problemas de cada um; é esta a nossa concepção de família. Às vezes, muitas vezes dói. Dói porque custa arrastar os outros para uma situação da qual só eu tenho culpa. Sofro ainda mais.
Recentemente, pude aprender - perdendo - a ganhar. Foi necessário perder, ausentar-me de um lugar - e consequentemente de mim- para dar valor àquilo que me estava destinado e, de certa forma, me completa e faz sentir bem. A dor do arrependimento que consome e amarra qualquer ser - que deseja isso mesmo: SER, ele próprio com os outros - apurou o meu sentido de discernimento e clareza.. Foi preciso bater com a cabeça, chorar até mais não... mas valeu a pena!
Agora, neste momento preciso... sinto-me mole, por tão dura ser. Dou tanto de mim aos outros e, quando sou eu em estado carente... não preciso de continuar para que percebam.
Mais do que retribuir ou saber fazê-lo é ter sentido de gratidão. Agimos e somos isto ou aquilo por conveniência. Que mal tem?! A Clara perdoa... perdoa sempre.
Somos donos e senhores da razão...e eu meço só 1,50m.

Entretanto, a Terra deve ter rodado mais uma hora. Os pássaros cantam, há ali uma fonte que corre, miúdos a jogar à bola e as árvores estão mais despidas.

Jardim Público - Covilhã, 24 de Outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

hoje


Hoje,
só hoje,
vem
quero revelar-te um segredo
Não partas nunca mais
Vamos rasgar esses agasalhos de vento
e ver o Sol nascer
até sabermos de cor
cada traço seu
Hoje,
só hoje,
dava tudo
a vida até
para nunca te ter visto
ou para te ver só uma vez mais.


sábado, 2 de outubro de 2010

que dor esta

Que dor esta
que me consome, devora e destrói
que me amarra o peito
e ao céu o tolda de negro
Que dor esta
que me desassossega, cala e desfaz
que me ata as mãos
e sem chão me deixa
Que dor esta
que me leva até aos jardins do teu beijo
e me deixa nas ruas da amargura
Covilhã, 26 de Setembro de 2010

* A vocês, que passam por aqui e vão conhecendo um pouquinho de mim, digo-vos que saí da Covilhã e vou rumar até Coimbra. Custou e está a custar deixar o sítio, as pessoas e tudo o que a cUBIlhã me deu e fez em mim. Quem sabe... 'o bom filho à casa torna', quem sabe... Sei que a minha vida vai dar mais uma volta de 1000 graus. Não sei o que vou encontrar, estou um bocadinho assustada, francamente. E confusa, também. Olhem... torçam por mim, sim? Obrigada.