quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

De mim... para mim!


Porquê, Clara? Por que é que tu és assim?

Essa dor que sentes não tem propósito!

Pára! Olha! E diz 'Basta!'. Reduzes-te tanto sem motivo aparente, para no fim não haver reconhecimento. E cais.

Não faças isso! Não faças isso por muito que te custe.

Pára. Já olhaste para ti? Olha. Vê.

Vês como és bela?! Tens coração e sentimentos. Se há alguém que te não sente, não guardes rancor; sorri-lhes! Não sofras sem razão. Sê tu!

Respira fundo, como tantas vezes dizes àqueles outros para fazer. Respira. Sente-te livre!


Como escreveste, um dia, queres ver para além das aparências. Vê o mundo com o coração. Cativa e deixa-te cativar. Perde (GANHA!) o tempo que for preciso com o que for preciso. Deixa que o vento te sopre nos olhos e te devolva o brilho há muito perdido. Não tenhas receio que as linhas nem sempre pareçam uma flor. Sê como a flor que irradia beleza e perfume. Brilha, brilha (sempre) como o pirilampo, mesmo pequenina.

Sê tu! Sempre.


22 de Janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A flor


Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis.

A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.

Passado algum tempo o papel está cheio de linhas.

Umas numa direcção, outras noutra; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas.

A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.

Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!

As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!


Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!


Almada Negreiros


Quero ser criança!