segunda-feira, 30 de novembro de 2009

silêncio falante




É tão bom quando
me envolves no teu olhar,
no teu toque,
na tua respiração,
em ti...
A atmosfera pertence-nos,
foi ela construída por nós,
pedaço a pedaço,
na leveza de cada gesto transparente
das almas que se fundem
e alumiam a noite
e enriquecem os dias,
num silêncio que diz tudo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

máquina do tempo



Há bem pouco tempo, entre conversas banais e menos banais, perguntei a uma ela, por sinal, muito próxima de mim, algo que devo ter escutado em algum sitio: Se pudesses, o que mudarias no passado da tua vida?
"Ah, muita coisa..." - foi a resposta. Não me satisfiz; apenas, "Olha, porque sim...", respondeu.

Dei por mim a pensar que eu não mudaria nada. Claro que não! Nem os momentos bons nem os mais desgostosos. Seria a comprovação, às claras, de que não gosto de mim como sou hoje, as pessoas que me envolvem não seriam as certas, o que faço não teria sabor, ... o que é uma terrível mentira! Por muitos momentos de inseguranças e dúvidas que o dia-a-dia me possa trazer... Claro que surgem as perguntas 'E se fizesse aquilo?', 'E se tivesse ido lá?', claro que surgem; mas, se um dia tomei as decisões que considerei as correctas e hoje cheguei aqui, só tenho de agradecer esse (GRANDE e ÚNICO) facto, todas as manhãs.

Eu gosto de ser quem sou, como sou, com quem sou...
Se houvesse a eventual possibilidade de entrar numa máquina do tempo e recuar, pediria, somente, para (continuar a) viver.
Se mudasse um gesto, por mais pequenino que fosse, um espaço, ou mais, estaria por preencher no puzzle da Vida que tenho vindo a construir.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

incendiamos o mundo



Ainda é cedo para nada e é tarde para tudo;
abre a janela e descobre
as estrelas presentes
no teu olhar de menino.
Vamos mais, muito mais,
além,
a cada dia,
de quem somos.
Num estremecer de almas
e em sinestias de sentidos
incompreensíveis,
procuramos a pedra mais preciosa
que nos enfeita o peito.
E olhamos o Céu;
e num esplendoroso bater de asas
incendiamos o mundo
com o nosso Amor.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Obrigada



Antecederam-se dias difíceis. Ainda nada foi esquecido, se é que alguma vez o poderemos fazer.
No entanto, é nesta altura que me encontro a reflectir sobre acções vividas. E agora, dou o devido valor a palavras, gestos, ordens, ... e sem dúvida, à presença das pessoas que viveram e sofreram (sofrem!) por mim.
Diz-se que quando perdemos (?) algo é que lhe damos o devido valor; não deixa de ser verdade.
A ausência corroi. As lembranças assaltam a memória, constantemente.Vêm momentos que já nem lembrava que existiram.
Dou-me de conta de que a minha compreensão e sensibilidade estão mais apuradas, principalmente, com aqueles que carecem de carinho, por tanto o terem dado.
São instantes como este que me levam a avaliar as injustiças que tecemos ao longo da vida; e colocamos na balança o tempo útil e o desperdiçado, e chegamos a ter medo de saber qual o prato que mais pesa. Não são cinco minutos de vinte e quatro horas que vão fazer o dia mais pequeno; pelo contrário: o nosso dia passará a ter vinte e quatro horas e cinco minutos, porque demos esse tempo a mais a alguém, a quem o tempo (já) não perdoa.
E é nestes momentos, também, que descobrimos quem não apenas rejubila connosco, mas sofre também e nos dá a mão, o ombro e o coração.

Obrigada a todos vós que estivestes presentes. :)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

fim (?)



O desfecho foi o pressentido.
Viveu 78 (setenta e oito) anos comigo.
Sim, porque eu já tinha nascido nela, mesmo antes de a minha mãe ter dado à luz.
Não estou triste por ela, porque estou certa de que está bem, em 'Boas Mãos'; estou triste pela vida que fica cá ao vê-la ir amanhã.
Contudo, não sei chorar. Não queria parecer fria e insensível, mas não consigo. Às vezes gostava de ser menos racional.
Não vou falar do passado; vou guardá-lo.
Somos as meninas, as sobrinhas, as filhas dela. Somos!

'Oh  Maria do Carmo...'


da sua Pitorrinha



quarta-feira, 11 de novembro de 2009

é difícil

Hoje acordei cedissimo pelas piores razões. A noite, por si, não tinha corrido melhor, entre voltas e 'conversas', inquietações e reviravoltas, deviam rondar as 04h quando fechei o dia de ontem.
São agora 07:44, levantei-me em sobressalto, há 44 minutos, mas a inquietação não acabou.
Não consigo pensar direito, tenho apenas duas palavras às voltas no cérebro: Vida e Morte. O que significam? Quando é a melhor altura para surgirem? E eu não sei. Está tudo confuso. E pesa. É sempre nas alturas de maior inquietude que surgem as perguntas mais dificeis e nem o silêncio se atreve a falar, com medo de dizer o que quer que seja.
Perdi o sono. (O que não é normal!) Instalou-se uma perturbação tão repentina, tão... (respirar fundo)
O meu pensar diz-me que tudo faz parte e, por isso mesmo, terei de estar preparada para... tudo!
Desmorona-se tudo. TUDO!

domingo, 8 de novembro de 2009

história(s)



Para se começar uma história é somente necessário: começar...
Começar a caminhar rumando a novas estradas, atravessando nevoeiros com um coração sedento por conhecer mais e mais.
Ao descobrir a beleza posta nos nossos olhos, iremos aperceber-nos do quão luminosa é a Chama que vive dentro de nós, usada como farol para encaminhar o barco perdido que somos, por vezes.
Durante o caminho da nova história que se escreve continuamente, passaremos por lugares que soarão a desconhecido. Contudo, algo em nós renascerá, nasceremos de novo.
A vida é, sendo esta a história, feita em caminho para que o ser possa ser em nós, onde se volta a nascer a cada encontro e desencontro, a cada avanço e recuo... mas com a segurança de que há um Olhar terno e perene que vela a pena que escreve e não deixa que a história termine.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

um passo em frente



Dou por mim a pensar em como apenas um passo pode mudar todo o rumo. Um gesto tão simples capaz de transformar uma vida cheia de complexos, embrenhada em afazeres desnecessários. É tão somente entender o silêncio e, sobretudo, saber escutá-lo, que faz falta; é dele que se extraem as palavras que vêm aconchegar o coração ferido.
E se for preciso chora-se.
A realidade é o horizonte da vida, que pintamos com as cores dos sentidos... e não podemos deixar espaços em branco, pois os passos têm de seguir viagem para alcançar aqueles que esperam a nossa chegada.

domingo, 1 de novembro de 2009

há sábados assim!


Sinto um cansaço enorme. Procurei o meu lugar cá em casa e recolhi-me no sossego do silêncio, ambientando o ar com melodias suaves.
Por minutos, fechei os olhos, tentando libertar-me deste peso que hoje recaiu sobre mim. E respiro fundo e, chego à conclusão que, afinal, a minha vida não é tão difícil como, por vezes, a pinto. Atitude essa depende dos meus olhos que são o meu sentir, dos meus gestos transformados nas minhas palavras...
Saber que a melhor saída é, sempre, seguir em frente pelo caminho que se vai rasgando diante de mim, construindo pontes de abraços, enlaçados em sentimentos. Assim, serei capaz de ser (mais) eu, ainda que nem sempre tudo seja nitido, saiba a mel ou mesmo que me pique num espinho. Tenho de ter a consciência de que, mesmo que a núvem seja escura e ameace chuva e ventos fortes, o Sol esconde-se por detrás e há de vir irradiar a sua beleza, fazendo-me voltar a respirar e a notar que a tempestade veio enraízar a árvore ao solo.
Sinto-me, agora, mais leve, menos cansada, por partilhar... contigo!
Obrigada por me leres.